sexta-feira, fevereiro 25, 2011

 

Opinião

O Povo de Barroso no Bom Caminho
Cada vez mais os jornais da terra em que cada um vive são os mais desejados e os mais práticos. Pelo menos para quem vive longe. Que o digam os emigrantes que guardam o jornal como guardam as fotografias de família. Quando têm saudades voltam a lê-lo. E até o emprestam aos vizinhos, sempre que nele encontram artigos que exaltam a Terra, as pessoas, os acontecimentos.
Vai a caminho dos 21 anos de vida. Já passou por muitas mãos, já bateu a muitas portas, já alegrou e já entristeceu muitos leitores. Porque sendo obra humana, se confunde com as horas boas e com as horas más que se vão passando à sua volta.
Por mais vezes que se repita não é exagerado dizer que o poder político central cometeu um erro gravíssimo quando decretou a suspensão do chamado porte pago, sobretudo para o estrangeiro.
Os emigrantes – como tantas vezes o tenho dito – são os grandes heróis nacionais. Foram eles que mais coragem tiveram em sair de casa, rumo ao desconhecido. Partiram, uns por sua conta e risco, praticamente às escuras, mesmo de dia, porque de Espanha, de França, da Suíça, do Luxemburgo, da Alemanha, dos USA, nada conheciam. Nem os caminhos, nem a língua, nem a moeda pela qual se aventuravam a partir. Outros partiram, através dos «engajadores» que viviam à custa do mal alheio. Conheci alguns sérios. Outros nem por isso. Também eles viviam mal. Mas pior eram aqueles que por amor ao dinheiro, faziam má cara e logo que recebida a quantia combinada, os deixavam, entregues à sua sorte.
Foram anos para esquecer. E se quem cá ficou, guardava a saudade desses amigos, ninguém como eles, pode desabafar com a mulher, com os filhos e com os amigos, as atribulações porque passaram. Rendo-lhes as minhas homenagens. E nunca me cansarei de clamar, bem alto, que todos os que cá ficámos, devemos muito a esses que partiram. Alguns até vinham cumprir o serviço militar. Mal passados à disponibilidade logo retomavam os caminhos do regresso e aí ganhavam, honradamente, o seu pão e o de muitos. Portugal, por essa altura, vivia com os dinheiros desses sacrificados cidadãos. Uma espécie de FMI que dava sem retorno.
Recordo que na década de 1960 o concelho de Montalegre tinha quase 33 mil habitantes. Hoje, apesar das excelentes condições de vida que existem pelas aldeias, nem metade tem dessa gente. A minha aldeia, quando eu nasci tinha 607 pessoas. Hoje rondará pela centena. A Escola chegou a ter 43 alunos. Hoje está fechada. E tantas outras, porque a falta de alunos é concludente.
Devo muito a esses Barrosões, sejam de que aldeia forem. Porque me deram força e tema inesgotável para em horas como esta, acusar o poder político pelas más medidas que tomou contra a imprensa Regional. E tenho moral para falar porque estive ligado à criação desse e de outros tipos de incentivos, quando em 1982, fui convidado para Director da Delegação do Norte da Comunicação Social. Não fui para lá ver passar comboios. Cheguei a ser contestado porque era hábito convidar para esse tipo de lugares ou militantes de partidos políticos ou jornalistas profissionais de renome. Eu, nessa altura, nem militava em qualquer partido político nem era jornalista profissional, porque vivia de outra profissão. Embora, desde 24/1/1953 até hoje todos os dias cumpra o vício de escrever um ou mais artigos de opinião. Sempre por carolice. Nunca por dinheiro. Foi nesses 3 anos de Comissão de Serviço, com o apoio do Director-Geral, saudoso jornalista Manuel Figueira, que se instituíram diversos apoios: o porte pago, o subsídio de papel, o subsídio de reconversão tecnológica, a comissão da carteira profissional, etc, etc, Na década de 1990 esses apoios foram acabando e muitos jornais fecharam, outros nasceram, mas todos passaram a ter dificuldades de sobrevivência. Até que hoje, se não forem os leitores a pagar o preço integral dos correios, não há jornal para ninguém.
Digo isto porque, há umas semanas atrás, li numa carta de um emigrante, num qualquer jornal que e nada tinham que queixar-se os jornais. Quem quiser recebê-los que os pague! Não é justa esta afirmação. Talvez um dia se possam explicar as razões.
Mas eu queria hoje saudar o Povo de Barroso porque está mais aberto, graficamente mais atraente e com colaboração mais variada e mais rica. A começar pela que chega da emigração. Este como outros jornais abrem as portas ao que escrevem os emigrantes, em cartas, em artigos de opinião, em poemas. Um abraço para todos.
Mas queria, acima de tudo, dar os parabéns ao Dr. Fernando Calvão que creio não conhecer pessoalmente, mas que nas três últimas edições (e penso que vai prosseguir) publicou importantes contributos historiográficos sobre o Julgado de Barroso no ano de 1258. Penso que irá reunir esta série de artigos em livro para que os Barrosões possam ter em casa tão fértil informação sobre as Inquirições de D. Afonso III. O mesmo rei que em 1273 concedeu o I Foral à Vila de Montalegre. Já o saudoso Dr. Rogério Borralheiro tinha reunido em livro as Memórias Paroquiais de 1758. Também importantes. Mas as Inquirições recuam mais 500 anos. Se puder reunir tudo em livro será ouro sobre azul. Parabéns.
Opinião de Barroso da Fonte

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