quarta-feira, abril 09, 2008

 

Opinião

Vamos salvar as aldeias de Barroso
A desertificação de Trás-os-Montes é uma evidência e uma fatalidade. Os políticos prometem tudo para inverter este fatalismo. Mas eles próprios se desmentem uns aos outros. Os eleitos locais batem-se, junto dos poderes centrais, com argumentos sérios, genuinos e autênticos porque conhecem a realidade e sentem nas veias aquele fatalismo. Mas esbarram com os seus homólogos dos centros de decisão porque estes puxam quanto podem para o centralismo que tudo encrava e nada resolve.
Em 1972 o concelho de Montalegre tinha 33 mil habitantes. Quarenta anos depois tem menos de metade. Em 2005 estavam inscritos como eleitores,14.906 pessoas. Mas são menos os residentes do que os eleitores. Sinal de que muitos emigraram depois de recenseados. E continuam a emigrar, porque a União Europeia «matou» a agricultura, em troca de milhões de euros que chegam a Lisboa, mas vão direitinhos aos empreendimentos supérfluos; em Lisboa e arredores. A capital, Porto, Setúbal, Coimbra, Braga, e o litoral absorvem 90%, daquilo que deveria ser distribuido pelo país real. Investiram-se em dez estádios de futebol, a pretexto do Euro, caudais que os Transmontanos nem cheiraram, nem terão qualquer contrapartida de usufruir. Os investimentos que absorvem essas carruagens de milhões de euros, beneficiam sempre os mesmos. Muitos são destinados aos «reguilas» que concorrem a todos os programas e que até criam empresas fictícias, porque sabem que quanto maior for a fraude, mais certezas há de que a Justiça, tarde e mal, levará os processos até ao fim.
Tudo aquilo que prendia os Barrosões à terra acabou. A batata certificada que era a tábua de salvação, não tem escoamento, porque se importa a preços inferiores, embora de péssima qualidade. O centeio deixou de cultivar-se por razões idênticas. As terras que davam de tudo para salvar a vida de todos, estão hoje a dar mato para pasto dos incêndios. As escolas que custaram tanto a obter, fecharam, os centros de saúde, os postos dos correios, de electricidade, os cantoneiros, os guardas florestais, foram extintos. Atravessam-se hoje aldeias, sem que se vejam pessoas. Apenas os cães, os gatos e as galinhas dão sinal de vida. Toca-se o sino para reunir o povo e já só aparecem viúvas e ex-emigrantes que optaram pelo regresso. A alegria que os emigrantes traziam em Agosto, abrandou porque muitos já não se revêem nas origens e preferem realizar nas comunidades da diáspora, as festas da sua juventude.
Em 1985 publicou a Câmara de Montalegre o quinto caderno cultural, em que o seu coordenador, Jorge Fernandes Alves, fez uma recolha que Manuel António de Morais Mendonça, bacharel em leis, publicou em 1813, no Jornal de Coimbra, onde estudou. Sabe-se pouco da vida deste funcionário público. Mas a «memória monográfica sobre Barroso» desse tempo, passados dois séculos, apenas mudou as pessoas e algumas estruturas viárias, escolares e de apoio social. Quanto aos meios de subsistência, em vez de evoluírem, retrocederam. Nessa altura até os montes eram cultivados. A terra dava de comer a todos e eram mais do dobro. Hoje os automóveis substituíram os burros, os malhos deixaram de ser precisos porque já nem há moinhos, nem malhos, nem colmo para os colmadores mostrarem as suas habilidades nos telhados. Os carros de bois deixaram de «cantar», porque os tractores abundam em cada povoado. E a saborosa manteiga do leite de vaca perdeu para os iogurtes de produtos exóticos e enlatados cuja origem se desconhece.
Tenho à minha frente um mapa estatístico do Mensageiro de Bragança de 7 de Março. Revela o desemprego registado em Janeiro, nos 26 concelhos dos distritos de Bragança e de Vila Real. São 19.989 pessoas, entre as quais: 2.173 são licenciadas. Só no concelho de Montalegre há 32 licenciados sem trabalho. Chaves tinha em Janeiro, 998 homens e 744 mulheres no desemprego, sendo 187 licenciados. Há uma diferença abismal entre o litoral e o interior do país.
O concelho de Montalegre deu saltos qualitativos em estruturas que muitas cidades do interior ainda não têm. Não podemos queixar-nos dos autarcas que tivemos nos últimos anos do Estado Novo, nem daqueles que se lhe seguiram, já em democracia. No que toca a equipamentos na sede de concelho e nas aldeias, a nível de estradas, de saneamento, de luz, de caminhos públicos, Montalegre pode cantar de galo. Mas o poder central esquece-se, sistematicamente, dos velhos que não têm - salvo o louvável exemplo da Stª Casa da Misericórdia – onde passar os últimos anos de vida. Criar empregos de qualidade para fixar ao meio, os mais jovens, nomeadamente aqueles que tanto se esforçam pelo obtenção de cursos superiores é um imperativo social que compete ao pode central.
Foi criado um programa: o QREN para apoio às pequenas e médias empresas. Poderia prestar relevantes serviços se os dinheiros comunitários chegassem a Barroso, a Trás-os-Montes, às Beiras.
O primeiro ministro, mal o programa entrou em vigor, veio logo dar um espectáculo eleitoralista, assinando centenas de programas com os clientes do costume. Os portugueses da periferia ainda nem tinham ouvido falar no programa já os xico-espertos tinham os contratos na mão e o dinheiro na conta. Quando se começa a distribuir da raia para o centro urbano, aquilo que é destinado aos mais precisados e não aos mais «reguilas»? Dos mais de cem mil computadores que foram atribuidos aos jovens portugueses, quantos chegaram a Barroso, a Chaves, a Vinhais, a Vimioso?
Quando é que a igualdade de oportunidades deixa de ser uma miragem e passa a ser uma realidade, verdadeiramente, democrática?
Opinião de Barroso da Fonte

 

Desporto

Montalegre nas meias Finais da Taça Distrital

O Montalegre já está nas meias-finais da Taça da AFVR, competição onde procura substituir outra equipa barrosã, o Boticas, vencedor o ano passado. Para atingir as meias-finais os Barrosões eliminaram o Ribeira de Pena, na sua própria casa, por 2-1. Relembramos que o vencedor deste troféu terá direito a disputar a taça de Portugal na próxima época.
O jogo em Ribeira de Pena não foi nada fácil para o Montalegre pois a turma da casa, apesar de estar uma divisão abaixo, vendeu cara a derrota. Os da casa entraram muito fortes e marcaram mesmo primeiro por Freitas, logo nos primeiros minutos. O Montalegre demorou a reagir e ainda se pensou que o R. Pena pudesse chegar ao segundo. No entanto, e pouco a pouco, os comandados de José Manuel Viage começaram a tomar conta das rédeas do jogo. Mas foi já só na 2ª metade que se operou a reviravolta no marcador. O golo do empate surgiu aos 55´ por Chiquinho, um golaço de livre directo. O Ribeira de Pena quase não pode respirar pois sofreu logo o 1-2, seis minutos volvidos, pelo inevitável J. Pedro, em outro golaço de meia distância, mas desta feita de bola corrida. Os da casa assumiram o jogo e deram o tudo por tudo, mas sem sucesso pois o Montalegre soube segurar a vantagem que lhe permitiu passar em frente.
Entretanto já foi o sorteio das meias finais cabendo em sorte ao Montalegre receber o Alijoense, cabendo ao Vila Real receber o Vilarinho. Os jogos serão a 11 de Maio. Assim, cabe ao Montalegre ou ao Alijoense tentar evitar a quase certa dobradinha do Vila Real (já campeão distrital), que por certo vencerá facilmente o Vilarinho. Força CDC Montalegre a caminho da final.

 

Barroso em Resumo

1) Teatro de Rua em Gralhas
A Associação Recreativa e Cultural de Gralhas continua a mostrar-se muito dinâmica e a realizar inúmeras actividades. Uma das últimas ocorreu na tarde de sexta-feira "santa", dia 21 de Março, e consistiu na realização de um teatro de rua pelos jovens da aldeia e que procurou satirizar algumas das principais personagens desta aldeia barrosã.
As personagens principais foram o presidente da Junta, Salazar mandão, o Sr. Doutor (que apresentou o espectáculo), o padre, João Pedinchão, o presidente da antiga Associação Cultural de Gralhas, Sr. Janeiro que só quer dinheiro e o presidente da actual Associação, Barulhento que quer poleiro. O palco improvisado foi um reboque de um tractor.
A população aderiu em peso, e até apareceu a
TV Barroso, nesta que foi uma tarde bem passada, com muitas gargalhadas e diversão, demonstrando o sentido de humor dos habitantes de Gralhas.
Consta-se que alguns dos "visados" não terão achado assim tanta graça, mas foi uma iniciativa interessante e que merece aplausos.
A ARSC Gralhas promete mais actividades divertidas para os próximos tempos.

2) Queima do Judas
Realizou-se na noite do passado Sábado de Páscoa, dia 22, mais uma edição da "Queima do Judas", um concurso levado a cabo pela Divisão Sócio Cultural da Câmara Municipal de Montalegre. Nele voltaram a participar instituições, associações do concelho, bairros de Montalegre e até particulares, num evento que procura desafiar a criatividade e originalidade dos concorrentes e, ao mesmo tempo, incentivar o respeito pelo ambiente, uma vez que os Judas a concurso não podem conter materiais poluentes ou que não sejam bio degradáveis como plásticos, aerossóis, etc.
Ao todo concorreram mais de uma dezena de Judas, dos quais os 10 melhores tiveram direito a um prémio de 100 euros. O concurso começa habitualmente com a concentração e exposição ao fim da tarde no largo do Município, onde os populares podem escolher os seus favoritos e o jurí decidir os vencedores. Pelas 22 horas começa o desfile que passa pela rua Direita e termina no Terreiro do Açouge, junto ao castelo, onde a queima acontece. Este é o momento alto pois torna-se um espectáculo bonito de fogo, luz e calor, talvez o mais importante para as dezenas de pessoas que acorreram ao local na verdadeira noite de Inverno (sobretudo com muito frio) que se abateu sobre a vila de Montalegre. Para o ano os Judas prometem regressar.

3) Gravação da representação de algumas passagens do Auto da Paixão
Na sexta-feira santa as aldeias de Meixide e Vilar de Perdizes, do nosso concelho, serviram de palco para a gravação de alguns excertos do Auto da Paixão, levada a cabo por dois cineastas estrangeiros, amantes da nossa região e das suas tradições.
Os actores voltaram a ser as pessoas das referidas aldeias, encarnando as personagens principais das cenas dramáticas da paixão de Cristo. Em Meixide as gravações ocorreram de manhã, enquanto que em Vilar foram às 15 horas.
Espera-se que isto seja um bom prenúncio para o regresso em breve do famoso auto da paixão de Vilar de Perdizes, e que durante muitos anos atraiu milhares de pessoas a esta mítica aldeia barrosã.

4) Mini-férias da Páscoa em Montalegre
Um grupo de cerca de 90 jovens do Porto, estudantes do ensino secundário e universitário, escolheram o nosso concelho para passar uns dias nas férias da Páscoa, nomeadamente o fim-de-semana de "Ramos". Estes dias foram preenchido com muitas actividades de desporto de aventura e lazer com: escalada, slide, rapell em Penedones , Pitoes das Junias e Ponte da Misarela.Trata-se de uma iniciativa que acontece desde há 5 anos, e o balanço tem sido muito positivo, como referiu José Miguel Antunes da empresa organizadora destes encontros N´Aventura (sediada no concelho de Montalegre).
Além de alunos este evento ainda trouxe alguns professores a acompanhar o grupo como o professor Delminto, de Geologia, que realçou a diversidade de espécies e a preservação do espaço como um dos factores que atraem só por si, o interesse das pessoas.
A próxima actividade, já está agendada e vai ter lugar no Verão, com várias outras ofertas ligadas aos desportos aquáticos, e centradas essencialmente na albufeira dos Pisoes.

5) Em Boticas: Idosos vão ter apoio para melhorarem as suas casas
A Câmara Municipal de Boticas, representada pelo seu Presidente, Fernando Campos, assinou no passado dia 14 de Março com o Ministério da Solidariedade um protocolo tendo em vista a implementação do Programa de Conforto Habitacional para Idosos (PCHI) no concelho de Boticas, que permitirá a realização de obras de remodelação e melhoramento em casas de idosos no concelho, para prevenir a sua dependência.
A assinatura deste protocolo teve lugar no Governo Civil de Vila Real e contou com a presença do Ministro do trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, e do Secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques.
Este programa foi lançado há um ano, abrangendo os municípios dos distritos de Bragança, Beja e Guarda, estendendo-se em 2008 aos distritos de Vila Real, Portalegre e Castelo Branco.
O PCHI visa prevenir a dependência e institucionalização dos cidadãos mais idosos através da qualificação das suas habitações, e é financiado com verbas provenientes dos jogos sociais atribuídos ao Ministérios do Trabalho e Segurança Social. Através do Instituto de Segurança Social, o Estado disponibiliza 3.500 euros para os trabalhos efectuados em cada habitação.
Na mesma cerimónia, Fernando Campos, agora na qualidade de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Boticas, assinou também o contrato de comparticipação financeira para a construção da Residência Autónoma, financiada no âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES).
Esta obra, cujo valor da candidatura ascende a 120.600 euros, terá a comparticipação de 88.450 euros do Programa Pares.

6) Em Cerdedo – Morto pelos próprios primos?
Ao final da tarde do passado dia 19 de Março, terça-feira, a GNR de Boticas foi chamada a Cerdedo, aldeia do concelho, para tomar conta da ocorrência da morte de um homem de 50 anos, solteiro, que alegadamente terá sido morto por dois primos após uma briga com um deles ao final da tarde de segunda-feira, tendo sido encontrado mesmo ao lado do quintal dos referidos familiares. Ainda foram accionados os meios de salvamento rápido (INEM e VMER) mas confirmou-se que o corpo do senhor já estava cadáver.
Na aldeia apregoa-se que a história destes primos sempre foi um bocado violenta e já era mais ou menos esperado o sucedido. Terá sido mesmo um dos irmãos que terá confessado no café da aldeia a façanha, o que terá levado alguns populares, ainda desconfiados, ao local do crime (uma casa um pouco desviada do centro da aldeia) e mais tarde a chamarem as autoridades.
Perante a GNR os irmãos terão contado como tudo se passou, afirmando um deles, o Salvador, que lhe terá dado com um ferro na cabeça ao primo Domingos, enquanto este se envolvia em agressões físicas com o seu irmão. Os dois irmãos alegam que o seu primo era uma constante ameaça e que por várias vezes os terá agredido e ameaçado com armas, para estes lhe garantirem comida e guarida. Desta vez não terão aguentado e a briga acabou por ser trágica. Também na aldeia alguns populares teriam razões de queixa do falecido, conhecido pelo "Penato", por pequenos furtos, sobretudo depois da morte da sua mãe.
O Tribunal de Boticas já ouviu os irmãos e aplicou prisão preventiva ao autor confesso, enquanto o seu irmão aguardará o julgamento em liberdade condicional.

7) Consultas de cessação tabágica disponíveis em todos os centros de saúde
Os 16 centros de saúde do distrito de Vila Real devem dispor, até ao final do mês que termina agora, de consultas de cessação tabágica para apoiar os fumadores que pretendem abandonar este vício.
O coordenador da Subregião de Saúde de Vila Real, José Maria Andrade, disse à agência Lusa que, actualmente, são cerca de 100 os utentes do distrito que estão a usufruir do Programa de Prevenção e Tratamento do Tabagismo, que a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS/Norte) começou a implementar em 2006.
A consulta de cessação tabágica foi iniciada, já no decorrer de 2008, nas unidades de Chaves 1 e 2, Mesão Frio, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião e Vila Real 1 e 2.
De acordo com o responsável, os restantes oito centros de saúde - Murça, Montalegre, Boticas, Santa Marta de Penaguião, Alijó, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar - deverão dar início a esta consulta até ao final de Março.
O coordenador disse ainda que a consulta de cessação tabágica envolve 40 profissionais da Subregião de Saúde de Vila Real.
Esta consulta fica disponível no distrito, mais de dois meses depois da entrada em vigor da nova lei do tabaco, que se estima que esteja a levar mais fumadores a procurarem ajuda para abandonar o vício.
Para ter acesso a este serviço, a primeira iniciativa que o utente tem a fazer é procurar o seu médico de família.
A Organização Mundial de Saúde considera o tabagismo como a principal causa de morte evitável em todo o mundo, estimando que um terço da população mundial seja fumadora.
No continente europeu, as estatísticas indicam que morrem por ano, em média, cerca de 700 mil pessoas devido a doenças relacionadas com o tabaco.
Segundo dados recentes, quase 90 por cento dos casos de cancro do pulmão nunca existiriam se as pessoas nunca tivessem fumado.Por outro lado, as estatísticas indicam que o consumo de tabaco é responsável por 11,7 por cento das mortes em Portugal. (notícia agência lusa).

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