sexta-feira, março 27, 2009

 

Destaque


Em tempos de Crise Granimonte aposta forte no mercado da Pedra
Todos os dias as televisões nos trazem notícias de uma crise que veio para ficar e que parece não ter limites. O nosso país, sendo pequeno e mal estruturado, ainda sente mais profundamente os efeitos dessa crise. E um dos seus maiores reflexos está no desemprego que não pára de alastrar, levando a incerteza, quanto ao futuro, a milhares de portugueses.
Ora, no nosso concelho, um dos mais desertificados e mal governados do país, há muito que a crise do desemprego está instalada (excepto, é claro, para alguns privilegiados que o nosso jornal já tem denunciado). No entanto, nos últimos tempos, tem-se acentuado o encerramento de algumas das poucas e pequenas empresas existentes em Montalegre. Desde a hotelaria à restauração, desde o comércio à construção civil, e até a única gráfica com existência legal (esta fruto da concorrência desleal há muito conhecida).
Foi neste contexto difícil que decidimos entrevistar o Sr. Manuel Costa, conhecido por "Brasileiro", um dos maiores empresários e empregadores do concelho. Esta "conversa" também se impunha na sequência de outra, ocorrida há perto de 3 anos, na qual o Sr. Manuel já prenunciava a difícil situação actual em que se encontra Montalegre.

PB: Caro Manuel "Brasileiro", a tão falada crise está à vista de todos e parece afectar toda a gente. Em que situação se encontram as suas empresas?
MB: Para já não tem havido dificuldades de maior. Por um lado, graças à internacionalização das nossas empresas que conseguiram nestes últimos anos a conquista de vários mercados na Europa. Por outro lado, em Montalegre/Portugal, as nossas marcas e serviços são reconhecidas e valorizadas por todos, até por um passado de muito orgulho de 30 anos de existência da CASA BRASILEIRO.
E isto mantém-se para 2009, onde já temos encomendas praticamente para todo ano. Inclusive, a GRANIMONTE tem cedido algumas encomendas a outras empresas do mesmo sector.

PB: O nosso concelho, mal governado e quase isolado do resto do país, ainda sofre mais. Qual é o seu ponto de vista acerca disso?
MB: O concelho, está à vista de todos, está praticamente paralisado. E, infelizmente, tudo o que eu temi e disse na entrevista de há 3 anos está a acontecer. As empresas que vieram investir em Montalegre também não trouxeram nada de novo.
PB: Nessa entrevista de há 3 anos o senhor denunciou uma espécie de "perseguição" a si e a outros empresários Barrosões, que, sem dúvida, teriam de ser mais acarinhados e protegidos da concorrência vinda de fora. Essa situação ainda se mantém?
MB: Na questão da "perseguição", falei em meu nome pessoal e não em nome de outros empresários. Acho que houve um certo aproveitamento político de algumas partes e eu fui apanhado no meio sem ter culpa nenhuma, mas isso já é passado.
Quanto à situação das empresas de fora serem protegidas e até preferidas, acho que nem é preciso responder pois os casos recentes são bem conhecidos. Por outro lado, continuo a achar que as pessoas da terra que investiram e criaram riqueza e postos de trabalho mereciam mais carinho e apoio.

PB: Na altura deu como exemplo a possível abertura de uma grande superfície comercial na sede do concelho, o que se veio a confirmar. Acha que é por este caminho que o nosso concelho se tornará mais sustentável e criará mais riqueza?
MB: Pois! Na altura já sabia que essa grande superfície iria a abrir, mas pelo que se nota não trouxe nada de especial e não veio ensinar nada aos que já cá estavam primeiro.
Também me parece que o investimento foi feito de uma forma algo precipitada, sem um estudo prévio, ou um levantamento da população do concelho. Além disso, neste sector acho que já estávamos bem servidos. E pelo que se consta, passados só 3 meses desde a abertura da mesma superfície, e já há funcionários a trabalhar a meio tempo. Assim, nem a eles lhe veio trazer riqueza e bem-estar.

PB: O futuro do nosso concelho, cada vez mais pobre e desertificado, parece ser negro. Vê alguma saída para esta crise, tem algum concelho a dar?
MB: Não sou político. Isso compete aos políticos "da terra", que devem ter ideias para explorar as nossas inúmeras riquezas, e fixar investidores que criem, de facto, mais valias como postos de trabalho seguros e duradouros. Por exemplo, temos pessoas de Montalegre que são grandes empresários noutros locais e que deviam "ser convencidos" a investir aqui, tentar mostrar-lhes que isso, de facto, valia a pena.
Quanto à desertificação, é normal, pois quando não há empregos seguros para os nossos jovens, eles são obrigados a procurar outros lugares onde consigam governar a sua vida.

PB: E no seu caso? Continua a aposta noutros mercados que nos falou há 3 anos, ou tem algum novo projecto em mente para Montalegre?
MB: A nossa estratégia no estrangeiro já está consolidada há quase 20 anos, e onde hoje temos um mercado bastante alargado. Para Montalegre temos um projecto que arrancará ainda este ano e que passa pela ampliação da GRANIMONTE. Já foi solicitado um lote ao Município na zona industrial para esse efeito. As perspectivas apontam para a criação de 20 novos postos de trabalho até 2010.
Trata-se de uma grande esforço da nossa parte devido ao investimento que iremos fazer e que pode ultrapassar 1 milhão de euros.

PB: Quer explicar melhor esse projecto?
MB: A GRANIMONTE vai ser reestruturada e passar a trabalhar também na área da construção civil. Isto acontece devido à grande procura que temos tido pelos nossos serviços. A qualidade dos nossos trabalhos já é reconhecida por todos e para respondermos melhor às solicitações de vários clientes fomos quase "obrigados" a dar este passo.
Inicialmente vamos criar 8 novos postos de trabalho em obras já contratadas em França, e que devem arrancar para Maio ou Junho deste ano.

PB: Quer dizer que já pôs totalmente de parte a ideia de vender a Granimonte?
MB: Não totalmente. A ideia mantém-se, mas como actualmente nos sentimos limitados, por espaço, área, maquinaria, etc., tivemos que tomar esta decisão. Este projecto é essencial para nos mantermos viáveis e respondermos às exigências do mercado, como já referi antes.
Por outro lado, a GRANIMONTE é uma empresa de bem, estável, com 14 elementos no seu quadro e com todos os ordenados e regalias sociais em dia. O mesmo acontece junto do estado (Finanças e Segurança social), situações de que nos podemos orgulhar.

PB: Muito obrigado e felicidades para si e para as suas empresas.
MB: Obrigado e boa sorte para vocês. Quero aproveitar esta oportunidade para agradecer aos nossos clientes e amigos espalhados pelo mundo e que nos tem ajudado ao longo destes 30 anos de existência. Sem eles nunca conseguiríamos ser quem somos. Por isso, para eles o nosso muito obrigado. Manuel Costa e Familia

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