quarta-feira, maio 14, 2008

 

Opinião

A Minha Terra - 13
No passeio da Avenida da Minha Terra que leva ao Multiusos, cruzei com BM. Nem me deu as boas-tardes, que isso de dar é coisa já se não usa há muito, e despejou:
- Olha que esta! … Já viste? Não há dinheiro e alugam-se autocarros para a manifestação, em Lisboa. Diz que eram 100.000 professores…muito mais do que os emigrantes que vieram votar nas últimas e que os da terceira idade que foram enganados, de Fátima até Lisboa, para a manif. do Sócrates. Ainda por cima faltam às aulas!... Que me dizes se eu mandar publicar a minha indignação?
Mostrou-me uma folha.
Lembrei-lhe que não era verdade o facto de os professores faltarem na escola, pois ao sábado não há aulas, a não ser para aqueles cursos especiais, que até as Câmaras dão, que não têm nada a ver com o ensino, aqueles em que não há horário nem programa, em que os "setôres" podem deslocar-se à feira de Nanterre quando entenderem, em que nunca há reuniões para avaliação do trabalho da "escola" (ou da escolha), em que os "profissionais" se divertem a estabelecer uma ficha de observação de aluno "idêntica" para todos os que necessitam de acompanhamento psicológico "massificado". Sugeri que retirasse do artigo aquilo das faltas se lhe queria alguma ponta de credibilidade e fui dizendo que, se queria passar por professor, deveria ter mais cuidado com a escrita pois o texto estava cheio de erros. Pior… ninguém o entendia.
Disse que era professor e que não era por isso que deixava de ser socialista.
Lembrei que a sua atitude não o provava, mas mostrava antes que ele era PS de profissão (que não é o mesmo que ser socialista por convicção) e que, ocasionalmente, "vendia umas aulitas" que todos nós pagávamos, que estava a beneficiar de uma injustiça pois nem tinha concorrido, estando a servir-se de uma situação que a ministra permitiu e de que o poder local se aproveitou.
Calou-se, mas foi teimando na ideia de levar a sua avante.
Pensei logo que as manifestações incomodam muita gente, que os lavradores da Minha Terra, para já, ainda não tiveram a coragem suficiente de ver para além do subsídio miserável que só chega a alguns, mercê de muita vénia e muito agradecimento.
E, para provar que as manifestações têm mesmo incomodado (basta ver o Sócrates, a fugir filosoficamente aos opositores pelas traseiras dos edifícios para, no palco, enfrentar os seus pela cernelha), passados dias, no mesmo local (coincidência!), abordou-me outra pessoa, ainda mais zangada que a precedente e desabafou:
- Não é que a PIDE já começa a funcionar? Que desespero eleitoral …
- Mas porque diz isso, mulher? – perguntei eu.
Contou-me que alguém se permitira, indevidamente, de a associar às manifestações, como se cometesse um pecado ou fosse proibido.
Ri-me, pois sabia do hábito de muita gente da minha terra andar a ver o que os outros fazem ou a imaginar o que podem fazer e dizê-lo como se fosse verdade. Mas, para mim, vale como um alerta de que chegou a hora da "repressão à moda antiga", da ameaça e, por outro lado, do favorecimento e das promessas ao bufo. Depois vêm mais quatro anos de sofrimento para todos, emigrantes ou residentes, bufos ou não, mas agora é o momento para a denúncia e para agradecer as promessas, que prometer já é grande favor, nos tempos que correm!
A mim já me prometeram uma estrada alcatroada entre as duas únicas aldeias da minha freguesia, vai só há 15 anos. Um pulo com cerca de 2 quilómetros e meio para evitar os 10 pela estrada de Pisões. Mas, como "há outras prioridades", o percurso da promessa foi alterado para Fervidelas - Brandim.
Prioridade pelo número de residentes não é, que estas duas terras juntas não têm um terço da população da minha terra. Prioridade pelo acesso aos terrenos também não (nem a qualidade nem a quantidade o justificam). Só se for pelos presidentes: o de Brandim e o de Fervidelas estão nos Planos do PS, enquanto que o da minha terra não estava nem está.
O nosso dinheiro (não é o favor da Câmara, obrigada a gastá-lo como deve, com equidade, com inteligência e com justiça) anda gerido segundo outras prioridades.
Será o medo, chamado síndrome das manifestações, a fobia de ver uma reclamação porque nada se tem feito ou será por se pretender que o povo não sabe que tem direitos?
Por MBM

Comments:
Têm que ser mais explicitos ninguem peercebeu
 
Toda a vida ouvi dizer, os cobardes escondem-se atrás de um pseudónimo…. Já era de altura de dar a cara.. e assumir o que se diz… será que tens medo que te conheçam por cabeça torta…..????
 
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