terça-feira, fevereiro 19, 2008

 

Destaque 2

Convívio dos Antigos Pastores

No passado dia 2 de Fevereiro, um Sábado, o restaurante de Montalegre, "O Pote Barrosão", foi o palco para o tradicional convívio dos pastores de Montalegre, uma reminiscência de uma das mais ancestrais tradições do Entrudo do Barroso, o "Domingo Gordo".
Infelizmente, e apesar do convite, não podemos estar presentes. Por isso aqui fica um artigo/reportagem de um amigo do Jornal e grande Barrosão, Vítor Afonso, que fez muitas centenas de Km até à sua Terra-natal para reviver emoções da sua juventude, incrustadas nesta engraçada tradição, e a quem, desde já agradecemos a colaboração (texto e fotos).

"Falo hoje de um convívio que aconteceu no passado dia 2 de Fevereiro, no restaurante O POTE – sob o signo – CONVIVIO DOS ANTIGOS PASTORES.
Bem haja quem teve a ideia de pôr em convívio os antigos pastores que assim recordam vivências antigas e reforçam a amizade que os une desde essas alturas em que, com palmo e meio, lá iam serra acima atrás das vacas, dos bois, cabras, ovelhas e até da burra.
Serve também para tomarem consciência da importância que tiveram nesta região, bem a par da do BOI do POVO, esse já devidamente reconhecido, com estátua e tudo.
A propósito do BOI DO POVO, todos nós já fomos questionados de onde diabo vem tal crença/adoração no bicho!!
Quem nos pergunta desconhece que nas casas de Barroso só entrava dinheiro de três produtos:
- O contrabando
- As batatas
- As vitelas
Sobre o primeiro, estamos conversados. Quanto às batatas todos têm uma ideia que se semeiam e se apanham no campo. Quanto às vitelas, desconhecem que é (ou era) preciso um boi e uma vaca para lhe darem vida. Ora as vacas, além das vitelas, davam o leite e puxavam o arado no amanho das terras. O mesmo não acontecia com um boi de cobrição que ninguém conseguia domesticar. Além disso era uma trituradora a comer e requeria uma vigilância apertada, pois dificilmente acompanhava com o resto da manada.
Por tudo isto não era possível a um particular dar-se ao luxo de manter um boi de cobrição em casa. Pensaram então em ter um boi para vários e depois para todos da aldeia (povo). Passa então a chamar-se o boi do povo, porque de facto o era e tinha como exclusiva função cobrir as vacas de todos os agricultores da aldeia. Nasciam depois as vitelas, vital fonte de rendimento.
Voltando ao convívio, correu de forma animada e não faltaram realejos nem concertinas para acompanharem as muitas histórias que ali se tornaram conhecidas, como a do Manel do Perlico. Contou ele que certo dia andava com as vacas no lameiro do colmeal e o tio Acacinho pede-lhe ajuda para cortarem umas gestas. Fala-lhe mesmo que depois do carro carregado tinha ali duas galinhas prontas a serem comidas. Com este engodo atira-se às gestas como gato a bofe e num instante o carro estava pronto. Cumprindo o prometido, o tio Acacinho puxa de uma cesta de verga e com grande cerimonial vai desembrulhando meio pão centeio e põe-lhe em cima duas cebolas. Repara na cara de espanto do rapaz e em tom carinhoso diz-lhe: Vá, come que ainda estão quentinhas.
O convívio terminou pelas 3 da madrugada e todos prometeram voltar para o próximo ano.
Viva Barroso!
Vitor Afonso"

Comments:
Todos nós barrosões e barrosãs fomos pastores, todos nós tinhamos à saida da escola à espera um cajado e um saco com a merenda para até ao fim do dia irmos apascentar , quer as vacas, quer as ovelhas. Era assim a vida à quarenta e à trinta anos atrás. MAS form tempos que recordo com saudade e nostalgia pois vivia-se na inicência e sem preocupações do futuro que é agora presente.
De longe faz-se melhor a leitura do que foram esses tempos, tempos com dificuldades, estampadas nos rostos dos nossos pais. Eramos arcaicos nos gestos e na palavras e desprovidos de qualquer meio económico. subesistiamos às dificuldades porque das fraquezas os nossos queridos pais faziam forças. e se não as tinham , ultrapassaram fronteiras, trilhando caminhos inóspitos e desconhecidos para,de muito longe, nos enviarem o sustento.
deixo aqui uma honrada omenagem aos meus queridos e soudosos pais , que foram-no por completo.
Luz
 
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