sexta-feira, julho 20, 2007

 

Opinião

Jovens Barrosões criaramCooperativa a «Cavada do Povo»

Já durante o ano em curso foi formalizada a criação de uma Cooperativa que se insere no ramo agrícola e que poderá ser a pedrada no charco se eles souberem por em prática as intenções que aprovaram na Assembleia de Fundadores (3/3/2007) e que ditaram a conjugação de vontades dos 18 cooperantes que nasceram e fizeram questão em não abandonarem a terra onde nasceram.
Para que esse processo se transformasse em realidade, o simplex, tão badalado, funcionou mais como complex. Foram persistentes os 18 jovens barrosões e conseguiram ultrapassar a burocracia que em nada alenta quem quer vencer as barreiras naturais, sociais e geográficas. A Cooperativa está, finalmente legalizada, os corpos sociais eleitos. Há que ter, agora, a coragem dos diversos poderes locais e regionais para incentivarem essa dúzia e meia de barrosões que se agarraram a um projecto que pelo nome escolhido, diz muito às nossas gentes: «cavada do Povo –cooperativa de agricultores de modo de produção biológico do concelho de Montalegre».
Convirá saber que alguns destes jovens nem se conhecem pessoalmente. Ouviram falar numa estrutura ligada à vocação telúrica. As Terras de Barroso sempre viveram da agro-pecuária. Da terra e daquilo que ela potencia, sempre viveram as nossas populações. Nisso foi pródigo o berço em que viemos ao mundo e, alguns teimam em não abandonar. Mesmo aqueles que tiveram de partir, voltam, agora, ou para descansar os dias que lhes restam, ora para matarem saudades, reverem amigos, chorarem os seus mortos no cemitério de cada aldeia. Veja-se, agora, pelo verão, como as aldeias se repovoam, se animam e fazem promessas para o futuro…
Estes jovens nasceram nos mais diversos lugarejos, como: Paradela, Stº André, Bugalhão, Meixedo, Cortiço, Sirvozelo, Vidoeiro, Codeçoso, Montalegre. Alguns aqui vieram ter por razões familiares ou profissionais. Ouviram o grito do Ipiranga e aderiram com a melhor das intenções. Muitos deles têm formação técnica superior, outros são técnicos em áreas afins à agro-pecuária, uns quantos nunca da agricultura se desligaram. E esta riqueza e diversidade deverão produzir bons frutos no sentido de os prenderem ao meio em que vivem e querem continuar a viver, com a própria família.
Os objectivos sociais são claros: apoio à produção, comercialização e transformação de tudo o que possam produzir e converter em utilidade sócio-económica. Ora o concelho de Montalegre produz um pouco de quase tudo aquilo que faz falta à subsistência regional.
Acusam-se os jovens de falta de ideias, de desconforto, de desânimo. Esta louvável iniciativa contraria esse presságio. Pela parte deles deram o passo mais importante. Competirá, desde agora, aos diversos poderes, locais, regionais e nacionais, estabelecerem o diálogo indispensável, permanente e desburocratizado para que o ânimo continue a incendiar o espírito dos poucos jovens que restam, antes que a desertificação seja irreversível. Não se trata de um projecto com fins partidários. Nem isso deve ser obstáculo a tão gratificante ideia. Por todo o país se criaram estruturas semelhantes com vista a aproveitarem os fundos comunitários. A agricultura barrosã e transmontana, em geral, agoniza por cada dia que passa. Quem soube abrir os olhos associou-se e moveu-se em busca daquilo a que tem direito. Não houve no interior do país real quem se adiantasse, aproveitando os sortilégios da união europeia. Já se perderam muitos anos. Muitos, de outras regiões, beneficiaram das potencialidades colocadas ao dispor de todos. Como se sabe, até 2013, Portugal ainda continuará a receber esse tipo de apoios. Depois dessa data será Portugal a contribuir para os países que aderiram mais tarde.
Saibam os dezoito jovens que tão boa ideia tiveram, continuar unidos, em busca daquilo que os associou num projecto cooperativo que visa, obviamente, objectivos utilitários. A Cooperativa depressa morrerá se não souber trabalhar. Urge reunir uns e outros, dirigentes ou não, a acolher as ideias que mais possam contribuir para transformar um projecto vago em realidade de sucesso. A sementeira é boa, a terra é fértil, o tempo ajustado. Resta arregaçar as mangas e saber dialogar com o poder que certamente não vai ficar indiferente. Seria um erro indesculpável se o factor político-partidário fizesse orelhas moucas a tão meritória iniciativa.
Opinião de Barroso da Fonte

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