terça-feira, junho 12, 2007
Opinião
A Minha Terra - 4
Desde há milhares de anos, a morte é comummente aceite como a separação da alma e do corpo. Partindo desta convicção, direi então, necessariamente, que a Minha Terra morreu.
A sua alma esvoaça nas Alturas, procurando o sustento para o sonho de uma vida melhor, há trinta e três anos adiada, enquanto o seu corpo apodrece entre a Lama da Missa e os restolhos queimados e as poulas abandonadas da Senhora do Monte.
A Minha Terra nada produz e tudo consome. Vive de esmolas, de pilhagens e de expedientes fortuitos, tal como vivia, há tantos anos, aquele condenado à forca, que, à hora da morte confessou o crime que a miséria moral e a incompreensão social o levou a cometer, junto à ermida daquela Senhora:
"de tantas mortes que eu fiz,
só duma levo paixão,
de matar um inocente
c’ um punhal no coração".
Morreu!
só duma levo paixão,
de matar um inocente
c’ um punhal no coração".
Morreu!
Com a morte da terra e da sua gente, que agora demanda o Santo Graal do emprego nas terras de Sua Majestade, morrem também os valores como a coragem, a sinceridade, a solidariedade, a simplicidade.
O medo e a hipocrisia calam os descendentes de D. Afonso, a inveja sucede à hospitalidade, o exibicionismo presunçoso abafa a natural candura do Planalto e a mentira e a intriga vieram suprir a erosão da franqueza, da honra e da palavra dada, palavra de barrosão. A verdade é que, tal como na outra margem sul, também aqui não há hotéis nem indústria nem comércios nem hospitais e, por isso, não merecemos o beneplácito ministerial de qualquer obra de vulto.
Pouco a pouco os milhares de empregos prometidos por um quase transmontano e no qual alguns barrosões persistem ainda, tinhosamente, em acreditar, deixaram de ser um sonho para se tornarem na triste realidade da miséria dos discursos eleitorais.
Ora, na procura de "espantar" a malfadada sorte de já não ter padrinho, desloquei-me, há dias, desde esta Minha Terra de gente em quem eu depositei toda a minha confiança, atravessei a barragem e lá fui eu até à Vila, pois é aí que se concentram as maiores entidades empregadoras do concelho, como na grande maioria dos concelhos do interior deste reino que o Afonso Henriques alargou para sul.
Dirigi-me ao Paço e, abrindo caminho por entre nobres, cavaleiros, escudeiros e homens bons, que àquela hora se acotovelavam para ver quem mais depressa pedia o mata-bicho, no Pólo Norte, e questionei "não sei quem" para que me indicasse onde deveria inscrever-me para o emprego. "O emprego?". Não desisti e, vendo que o interlocutor alcançava a porta férrea com medo de perder dez minutos de mata-bicho, interpelei outro atleta. O "não sei quem" que me respondeu "não sabia de nada". Mais outro "não sei quem" lançou-me, tal e qual, com "um não sei quê", de que é que está a falar?". O emprego era a ilusão do precário estágio numa área relacionada com "a indústria alimentar". Já aborrecida, perguntei a "outro não sei quem" (quer dizer: eu já a vi mas não sei o seu nome) que me ralhou, indignada, referindo que "não havia empregos nem estágios para ninguém".
Decidi, então, ir buscar o Jornal e exibi-lhe a oferta de emprego. Foi então que alguém "que eu sei bem" me disse que esse lugar já estava preenchido por uma candidata de S. Vicente e que se eu queria alimentação era na Fábrica do Fumeiro.
É claro que contestei logo, dizendo que a de S. Vicente ainda nem sequer tinha acabado o curso e que as coisas não me pareciam estar a ser tratadas com a transparência devida.
É que eu apenas queria contribuir para a diminuição do desemprego e não vinha pedir nada, mas exigir clareza nas admissões e igualdade de tratamento …
Pela leitura que tenho feito dos jornais, onde procuro ofertas de emprego, li há poucos dias que só nas terras de Sua Majestade o rei de Espanha já há novecentos mil portugueses que não são contabilizados para a tal taxa de desemprego. Porquê? Porque faleceram num país falido. A morte chegou à rua, precisamente 33 anos depois de nascer o sonho… tal e qual como Cristo.
Por MBMO medo e a hipocrisia calam os descendentes de D. Afonso, a inveja sucede à hospitalidade, o exibicionismo presunçoso abafa a natural candura do Planalto e a mentira e a intriga vieram suprir a erosão da franqueza, da honra e da palavra dada, palavra de barrosão. A verdade é que, tal como na outra margem sul, também aqui não há hotéis nem indústria nem comércios nem hospitais e, por isso, não merecemos o beneplácito ministerial de qualquer obra de vulto.
Pouco a pouco os milhares de empregos prometidos por um quase transmontano e no qual alguns barrosões persistem ainda, tinhosamente, em acreditar, deixaram de ser um sonho para se tornarem na triste realidade da miséria dos discursos eleitorais.
Ora, na procura de "espantar" a malfadada sorte de já não ter padrinho, desloquei-me, há dias, desde esta Minha Terra de gente em quem eu depositei toda a minha confiança, atravessei a barragem e lá fui eu até à Vila, pois é aí que se concentram as maiores entidades empregadoras do concelho, como na grande maioria dos concelhos do interior deste reino que o Afonso Henriques alargou para sul.
Dirigi-me ao Paço e, abrindo caminho por entre nobres, cavaleiros, escudeiros e homens bons, que àquela hora se acotovelavam para ver quem mais depressa pedia o mata-bicho, no Pólo Norte, e questionei "não sei quem" para que me indicasse onde deveria inscrever-me para o emprego. "O emprego?". Não desisti e, vendo que o interlocutor alcançava a porta férrea com medo de perder dez minutos de mata-bicho, interpelei outro atleta. O "não sei quem" que me respondeu "não sabia de nada". Mais outro "não sei quem" lançou-me, tal e qual, com "um não sei quê", de que é que está a falar?". O emprego era a ilusão do precário estágio numa área relacionada com "a indústria alimentar". Já aborrecida, perguntei a "outro não sei quem" (quer dizer: eu já a vi mas não sei o seu nome) que me ralhou, indignada, referindo que "não havia empregos nem estágios para ninguém".
Decidi, então, ir buscar o Jornal e exibi-lhe a oferta de emprego. Foi então que alguém "que eu sei bem" me disse que esse lugar já estava preenchido por uma candidata de S. Vicente e que se eu queria alimentação era na Fábrica do Fumeiro.
É claro que contestei logo, dizendo que a de S. Vicente ainda nem sequer tinha acabado o curso e que as coisas não me pareciam estar a ser tratadas com a transparência devida.
É que eu apenas queria contribuir para a diminuição do desemprego e não vinha pedir nada, mas exigir clareza nas admissões e igualdade de tratamento …
Pela leitura que tenho feito dos jornais, onde procuro ofertas de emprego, li há poucos dias que só nas terras de Sua Majestade o rei de Espanha já há novecentos mil portugueses que não são contabilizados para a tal taxa de desemprego. Porquê? Porque faleceram num país falido. A morte chegou à rua, precisamente 33 anos depois de nascer o sonho… tal e qual como Cristo.
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Como é possível ver alguém falar da minha terra sem o ser… fazer comentários sem conhecimento de causa… e o mais grave ser cobarde se esconder-se atrás do “MBM” !! Só para avisar a este cobarde que a história dos “Afonsos” já a contou anteriormente… antes de virar a casaca… um dia destes vais explicar tudo o que escreveste em artigos anteriores…. Até breve….
Como é possível ver alguém falar da minha terra sem o ser… fazer comentários sem conhecimento de causa… e o mais grave ser cobarde se esconder-se atrás do “MBM” !! Só para avisar a este cobarde que a história dos “Afonsos” já a contou anteriormente… antes de virar a casaca… um dia destes vais explicar tudo o que escreveste em artigos anteriores…. Até breve….
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